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NOVAS TECNOLOGIAS NA SALA DE AULA: MELHORIA DO ENSINO OU INOVAÇÃO CONSERVADORA?
O autor aborda o uso das novas tecnologias da informação levando em conta tanto a história da tecnologia educacional – muitas vezes pontuada pelo fracasso nos diversos projetos, como a relação ser humano-máquina-realidade, utilizando algumas experiências pessoais em escolas e universidades.
Embora reflita sobre a escola que ele idealiza, trabalha na realidade vivenciada no cotidiano de grande parte das escolas públicas do país, ressaltando que nas escolas do norte, nordeste e nas regiões rurais, muitas vezes, não é possível encontrar ao menos uma biblioteca razoável, que atenda à comunidade local, quanto mais equipamentos e ferramentas de informática.
Por um lado, aponta essas instituições que sofrem com a adequação do seu espaço físico, seu mobiliário desconfortável e precário, com um quadro de professores mal remunerado, que experimenta um precoce esgotamento profissional, não tendo condições, inclusive, de participar de programas de reciclagem. Por outro lado, ressalta que merecem o seu respeito os profissionais que a despeito de todas as dificuldades, de forma criativa, inovam, desenvolvendo novas formas de ensinar e educar.
O autor destaca que, a cada nova tecnologia que surge, novos ciclos são estabelecidos a partir de quatro importantes fases: as pesquisas sobre as vantagens da utilização das tecnologias, a obsolência da escola, as políticas públicas e a adoção por parte dos professores. No entanto, considera os ganhos acadêmicos e educacionais não tão expressivos quanto esperados. Inclusive, ressalta a expectativa de administradores, professores, alunos e pais em que o ensino da informática fosse para o campo de trabalho e não com o caráter pedagógico.
A grande questão que é possível depreender do texto é a utilização otimizada das tecnologias, dos diversos projetos desenvolvidos nessa área, como EDUCOM, CIEDS, PROINFO e não simplesmente focar nas mazelas e nos fracassos apontadas por muitos.
Ainda que se introduzam equipamentos nas escolas e professores sejam treinados, nem sempre isso irá representa melhoria na qualidade do ensino. O autor fala da inovação conservadora que é quando uma ferramenta cara é utilizada para realizar tarefas que poderiam ser feitas, de modo satisfatório, por equipamentos mais simples, assim como fala, também, da não utilização integral da ferramenta ou a utilização com ênfase no meio e não no conteúdo.
Um exemplo atual do que está referido no parágrafo anterior é o uso do Power point e seus inúmeros recursos visuais, que muitas vezes tornam-se apenas um elemento de divagação entre os alunos, não alcançando, assim, seu objetivo no processo de ensino e aprendizagem. O autor apresenta mais alguns exemplos de inovação conservadora como: a utilização de softwares educativos que não estimulam a interação entre professor-aluno, aluno-aluno, aluno-ferramenta, etc; a digitação de trabalhos escolares que, sem a devida orientação, acabam estimulando a cópia plagiadora de textos ou fragmentos de enciclopédias, de páginas da internet, entre outros.
Sobre o acesso às informações que são produzidas diariamente no mundo e veiculadas na internet, é importante ressaltar que o fundamental é o ato de pensar com determinadas informações e não o acesso indiscriminado a qualquer material. Tem que fazer sentido para professor e aluno.
O autor afirma que nossa experiência da realidade é transformada quando usamos instrumentos [Ser Humano > (máquina) > Mundo], pois estes promovem uma seleção de determinados aspectos da realidade, que é o caso das amplificações e reduções. Amplificação é o aspecto que nos maravilha ao conhecermos e experimentarmos coisas. A redução é recessiva, uma vez que não ocupa nossa consciência, impressionada com o novo.
Dessa forma, afirma também que a tecnologia não é neutra, pois proporciona novos conhecimentos do objeto, transformando a experiência intelectual e afetiva do ser humano, individual ou coletivamente.
A partir disso são construídas novas relações, novas formas de ensinar e aprender, novos conhecimentos, que exigirá do professor cuidado especial no uso pedagógico da tecnologia, entendendo que fracassos e sucessos fazem parte da história da produção humana de conhecimento, notadamente no que se refere à utilização da Informática na Educação.

Referências Bibliográficas:
CYSNEIROS, Paulo Gileno. Novas tecnologias na sala de aula: melhoria do ensino ou inovação conservadora? Informática Educativa. UNIANDES – LIDIE, Vol. 12, No. 1, 1999, PP.11-24.

Um comentário:

  1. VISÃO ANALÍTICA DA INFORMÁTICA NA EDUCAÇÃO NO BRASIL: A questão da formação do professor
    Embora nascida no início dos anos 70, ainda é possível observar, nos dias de hoje, que a utilização da Informática no sistema educacional brasileiro, está longe da realidade que se desejava. Podemos elencar vários fatores que afetaram essa consolidação como: falta de projetos mais consistentes, falta de verbas, formação inicial e continuada de professores que aborde a informática como facilitadora do processo de construção do conhecimento.
    O Programa Brasileiro de Informática na Educação recebeu influência dos programas dos Estados Unidos e França. Entretanto, a despeito dos grandes avanços tecnológicos experimentados nesses países, nem lá e nem aqui, no Brasil, foram observadas grandes transformações no processo educacional. Nada além do esperado da informática na educação.
    (...)
    Na década de 1990, todos os níveis da educação americana utilizavam computadores. Reiteramos que a despeito dessa proliferação, a mudança pedagógica, ocorrida de forma lenta, foi motivada pelo avanço tecnológico e não por iniciativa do setor educacional.
    A França foi o primeiro país ocidental que programou-se como nação para enfrentar e vencer o desafio da informática na educação e servir como modelo para o resto do mundo. Sua preocupação fundamental era a preparação de sua inteligência-docente. Trabalharam fortemente com a formação de professores. É importante ressaltar que a introdução da informática na educação francesa não tinha o objetivo de provocar mudanças pedagógicas, apesar de serem notados avanços nesse sentido.
    (...)
    As bases para a informática na educação no Brasil foram iniciadas a partir do primeiro e segundo Seminário Nacional de Informática em Educação, realizados em 1981 e 1982, respectivamente. Como fruto de discussões e propostas dos técnicos e pesquisadores da área foi estabelecido o EDUCOM.
    O referido programa diferencia-se dos programas dos Estados Unidos e da França, pois é descentralizado das decisões políticas e governamentais, bem como trabalha com a questão da fundamentação das políticas e propostas pedagógicas da informática na educação. E a terceira diferença entre os programas dos países citados, refere-se ao papel do computador, que deve provocar mudanças pedagógicas profundas, ao invés de automatizar o ensino ou apenas capacitar o aluno no uso da ferramenta.
    É importante ressaltar que na implantação da informática na educação, a formação de professores é aspecto fundamental, principalmente, focando na construção do conhecimento do profissional e sua consequente utilização na escola, a partir de uma formação ampla e profunda. Deve-se descaracterizar o curso de formação apenas como o ambiente que possibilita a conhecimento sobre computadores e suas respectivas metodologias.
    Considero fundamental o entendimento por parte de todos os atores envolvidos no processo educacional, que as ações para implementação de programas de informática na educação, precisam estar direcionadas para aquilo que se pretende. Se quisermos impactar a educação, através de significativas mudanças pedagógicas a partir do uso das tecnologias, é importante que os investimentos na área sejam reais, a formação de professores seja ampla e profunda, sendo focada na construção do conhecimento. Que os alunos sejam verdadeiramente incluídos no ambiente digital, motivados por seus parceiros no processo de construção do conhecimento, capazes de integrar teoria e prática, a fim de ser tornarem maduros, intelectual, emocional e eticamente, visando a construção de um cidadão crítico, um cidadão para essa sociedade e para as que ainda virão.
    Referência Bibliográfica:
    VALENTE, José Armando; ALMEIDA, Fernando José de Almeida. Visão analítica da informática na educação no Brasil: a questão da formação do professor. Revista Brasileira de Informática na Educação n.1, setembro de 1997. p. 45-60.

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